FOGO-PAGÔ
FOGO-PAGÔ
abr 29Sabiá chorou
Enquanto o cajueiro tentou em vão sustentar
Anos de seiva
Vigor a queimar
Sobrou pro cedro
Massaranduba
Angelim
Mangueira, mangue
Coqueiro
Alecrim
Sobrou a falta do verde do lugar
Mãos que não plantam
Assassinam, queimam
Sem atinar:
Bem-te-vi
Cobras, largatos, cardeais
Tatus, timbus
Juritis e preás
Gato do mato, caranguejos…
Fauna, flora…
Chora, Rio Arinquindá
…
Restou
O engasgo na garganta
Eco na mata a soluçar:
“fogo-pagô, fogo-pagô, fogo-pagô…”
*Fotografia de uma pequena parte da grande área queimada da mata localizada próximo ao Rio Ariquindá – município de Tamandaré, Praia dos Carneiros. Não se sabe o motivo, mas o fato é que o verde se tornou menor naquela região tão rica. Pena que o silêncio reinou diante do ocorrido.
Vamos denunciar ao IBAMA que tem sido até eficiente nas ações de preservação naquela região. Na construção da ponte, interveio com sucesso garantindo um maior vão. Outro dia, em passeio pelo rio Ariquindá, constatei, com satisfação, que o manguezal das suas margens permanece íntegro. Essa “queimada” criminosa precisa ser levada ao conhecimento daquele órgão para que não mais se repita. A beleza da poesia de Magna se constituirá, sem dúvida, num upgrade para o nosso protesto !
Meu amigo Edgar, você bem conhece a beleza do lugar. Não tive o “privilégio” de ver o estrago pessoalmente. Lucivaldo – autor da foto e das palavras abaixo – é o responsável pela divulgação da notícia, cuja área ele não sabe precisar, mas foi o suficiente para fazê-lo chorar. Seu filho João – acostumado a andar de bicicleta no local – me confirmou: “tia Magna, queimaram tudo!”.
O comentário de Lucivaldo pinta ainda mais de cinza a situação. Espero que ideias e ações precedam efetivamente boas soluções.
Sigamos.
Obrigada.
Abraço.
Magna
Infelizmente não tenho esse otimismo do Amigo edgar; o IBAMA tem um escritório naquela Cidade,A Secretaria de Meio Ambiente do município não tem estrutura de trabalho e ficamos contando com a sorte. Resta a POESIA de Pessoas Como MAGNA que sabe sentir a tristeza da Natureza com o crime do Bicho Homem,único animal do Planeta que mata por matar.Os Órgãos Competentes são Incompetentes.
Lucivaldo, se eu soubesse teria colocado a música “Matança” de Xangai. Como não sei, deixo apenas um pedacinho dela:
“Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde dá sombra ao ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar é
Caviúna, Cerejeira, Baraúna
Imbuia, Pau-d’arco, Solva
Juazeiro e Jatobá
Gonçalo-Alves, Paraíba, Itaúba
Louro, Ipê, Paracaúba
Peroba, Massaranduba…”
Valeu pelo chamado! Mas, fico pensando que ‘sorte’ se faz, só ainda não sabemos como fazer, talvez.
Abração.
Magna
Concordo com Edgar e penso que, quanto menos acreditarmos nos sonhos, menos eles se realizarão. Quanto menos pressionarmos os órgãos Competentes…mais incompetentes eles serão. Assim, Lucivaldo, vamos lá! Quem sabe como encaminhar a denúncia ao IBAMA?
É isso aí, Cumade. Sou ignorante nisso aí. Mas eis a ação necessária, senão nos transformamos num bando de reclamões. Lucivaldo, cadê você?
Magna querida,
A poesia tá muito bonita!!!!! Beijos.
Bom demais te ver aqui, cumade.
Obrigada.
Beijo.
Magna
Apesar do desencanto do Lucivaldo, até compreensível, acho que o Edgar tem razão.Denunciar, juntar gente,mobilizar.A grande maioria das pessoas não aceita isso.
Obrigada, João, pela tua presença aqui. Espero que possamos mesmo seguir este roteiro.
Abração.
Magna
Cara Magna, parabéns pelo belo poema, de uma sensibilidade impar para o caso em questão. É difícil lutar contra esses predadores que são movidos pela ganância e possuem tentáculos enraizados até em órgãos de preservação ambiental. Mas não temos outro caminho além de denunciar e tornar público. um abraço.
Pois é, Edmilton, ainda bem que também cresce o número de pessoas que se indignam com tais absurdos. Que a indignação vire mobilização e denúncia, como todos estão propondo.
Obrigada pela presença.
Abraço.
Magna
Magníssima,
é triste o que está acontecendo com nossas terras todas… Tudo fatiado entre construtoras… tudo alvo de especulação imobiliária! Onde eu moro um dia já foi lindo… A gente brincava na rua e tinha o manguezal como companhia. Agora, destruíram 80% do manguezal para passar um braço da Via Mangue. Dia desses um carangueijinho foi parar lá em casa, certamente sem rumo pela destruição de sua morada. Onde antes havia casas, famílias, crianças brincando e andando de bicicleta, hoje é só comércio, serviços, carros estacionados em toda a extensão da praça. Triste.
É triste mesmo, Fabi. Essa mesma ação a respeito da via mangue tem trazido efeitos para todos que antes usufruiam do espaço preservado. Efeitos não apenas como esses descritos por você, mas imagine uma rua finalizada pelo mangue, agora aberta e com a cerca de proteção danificada. No final do ano passado, marginais fizeram a festa em determinada rua, sendo preciso os moradores virem a público através da imprensa para órgãos de segurança, antes acionados, fazerem alguma coisa. Enfim, parece que progredir com equilíbrio é algo ainda muito distante para a nossa sociedade.
Beijo.
Magna
Compreendo a descrença do Lucivaldo. Afinal, a omissão e a incompetência são características dessas agências governamentais. A minha esperança, no caso, se deveu a um fato muito concreto: a construção da ponte sobre o rio Ariquindá, projeto do Governo, foi bastante retardada por um exigência do IBAMA. Por outro lado, como testemunhei, o manguezal ás margens daquele rio continua íntegro e belo. Talvez porque a sanha imobiliária ainda não se dirigiu para essa parte de Tamandaré. De qualquer forma, vamos protestar antes que a devastação se alastre.
Também concordo com você, Edgar.
Interessante é que quando eu mergulhei no seu poema, Magna, fiquei cantarolando essa música do Xangai, porque seu texto (lindo) me remeteu à ela… E fiquei aturdida, atônita, cheia de indagações, e as respostas sempre as mesmas: capital, capital, lucro, lucro! E veja quanta burrice, lucro para quem? Essa especulação vai levar-nos todos ao fim, à própria destruição, entretanto, desistir de sonhar, de ter esperanças, jamais, aí é que o fim chega mais depressa.
Obrigada pela poesia, apesar de dolorida, informativa, é pertinente para os debates em todas as esferas, porque trata da preservação de todos nós…
Beijos, querida, saudades!
De fato, Val, ficamos aturdidos com esse tipo de acontecimento, o qual é tão previsível quanto absurdo, infelizmente.
Amanhã encaminharei email ao Ibama a fim de saber notícias sobre este caso. Espero que tenhamos um bom retorno.
Obrigada pela tua presença. Você não sabe como é importante sabê-la neste terreno. Teu blog está cada dia melhor.
Beijo.
Magna